Ilha da Gigóia
- ilhas da Barra
- 7 de jun. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de ago. de 2019
Conheça a história de umas das primeiras Ilhas da Barra

Vilma Pereira e Eduardo Dias uns dos primeiros moradores da Ilha contam sobre areia branca, lagoa limpa e fartura de peixes.
A Ilha da Gigóia foi a primeira ilha a aparecer na Barra da Tijuca. Na época, ela era dividida em três partes , separada por três canais. No início, a lagoa era límpida, podia-se tomar banho, pescar camarão, peixes e andar na areia branca, conta a moradora Vilma Ferreira Pereira que nasceu e cresceu na Ilha.

Vilma Pereira
Vilma é filha de Dona Maria e seu João, casados há 52 anos, e que são personagens da peça “Gigóia conta Gigóia”, que já foi apresentada três vezes no bar Caiçaras com lotação esgotada.
Em entrevista com a Ilhas da Barra, Vilma conta que a habitação na Ilha começou com pescadores que descobriram o local: “as primeiras famílias a entrar foram a minha, a do Tico, do Henrique e do João do Rato”, conta.
Ela lembra que a ilha que ela recorda e tem muitas saudades era da areia branca , dos vizinhos que se conheciam... “a gente catava concha, comia frutas das árvores, nadava na Lagoa. Tive uma infância linda com muitas brincadeiras e liberdade”.
O transporte da Ilha para a Avenida das Américas na época era feito por um barco de alumínio de um morador (Ricardo Brito) : “nós tínhamos nosso próprio barco e quando meu pai teve uma deficiência visual, resolvi ajudar a família e acabei me tornando a primeira barqueira da Ilha” contou.
Vilma ainda lembra que a família na época era a mais pobre da Ilha, mas que batalharam muito para ter uma condição melhor. Vilma na época tinha uma filha atleta do Flamengo que foi escalada para jogar vôlei no Estados Unidos. Sem dinheiro para ajudar, ela e as filhas se reuniram e resolveram vender empadas na praia e no entorno da Barra da Tijuca. Foi então que surgiu a oportunidade de fazer a loja. Hoje em 2019 O Disk Empadas completa quatro anos e funciona de segunda à quinta das 15 hs à meia noite e final de semana das 15 hs até o último cliente.
Para Vilma, a parte triste da história da Ilha veio com o progresso. “A mídia e as pessoas descobriram esse paraíso e com isso o local começou a ser explorado”. Hoje com 5 mil moradores, a Ilha sofreu o desgaste do progresso: “ A Lagoa assoreou, minha filha nunca nadou aqui. Hoje não tenho mais liberdade, não posso deixar meu filho brincar no parque sozinho. A falta de liberdade e o crescimento desordenado da região , fez também com que chegasse os problemas das drogas” relata ela.

Eduardo Dias
Eduardo Dias (Tico) conta que o avô sempre ia pescar e acabava ficando o final de semana nas ilhas com outros pescadores amigos. "Após um tempo, viu que era mais jogo ficar na ilha .para não ter que ficar se deslocando entre a pesca e sua casa, na época era tudo mais distante. Ele resolveu residir na Gigóia. O avô era um militar combatente e após a segunda guerra, deu baixa e entrou para os Correios. Assim , construíram uma residência. A minha avó mora na ilha até hoje sendo considerada a mais antiga moradora viva das ilhas. Hoje com 90 anos, continua com a sua casa na Alameda que se chama Rosas em homenagem a ela”, conta ele.
Tico se recorda que a infância na Gigóia: " foi sem dúvida a melhor fase de minha vida: as brincadeiras e as atividades eram diferenciadas, não havia risco e tudo era saudável. Na minha casa tinha mais de trinta árvores frutíferas diferentes e era seguro nadar e remar na lagoa, nosso campo de futebol era o gramado do golfe clube e os brinquedos eram todos feitos a mão”.
Nesta época, a ilha estava praticamente no início: “ todo mundo se respeitava, não tinham mais de 20 famílias e todos se conheciam”.
Sobre o desenvolvimento da ilha da Gigóia, Tico relembra: “ A ilha da Gigóia diferente das outras, foi a que mais cresceu e com o crescimento a favelização. Minha mãe foi do primeiro grupo da Associação de moradores e na época eu já ia para todas as reuniões e encontros políticos” . Hoje Tico é o presidente da AMAIG, Associação de moradores da Gigóia.
Quando perguntamos sobre os principais problemas da Ilha, Tico ressalta : “Aumento de construções que leva ao aumento da população. O aumento do consumo de água e a produção de esgoto que é despejado nas lagoas sem tratamento adequado, aumentando a poluição local.”
Para Tico, a solução para os problemas das Ilhas seria ter o apoio dos órgãos públicos “que nos representem e que possam atender nossas solicitações”. Tico ainda ressalta : “todas as Ilha são bacanas, tem seu charme, só que estão doentes pela falta de educação das pessoas. Precisam de cuidados especiais e logo estarão como antes. Precisamos de ajuda nessa parte porque é possível resgatar. A ilha é a nossa casa e se a gente não cuida da casa, ela cai.”
Eduardo Dias hoje tem uma academia na Ilha, Centro de Treinamento Tico Dias, com centro de atendimento e espaço voltado para as artes marciais. Ele recebe lutadores, atletas e alunos que querem apenas manter a forma. Tico explica que a academia não é só luta, que tem preparação física para quem nunca lutou também, e em breve terá yoga e outras atividades. Hoje o espaço abriga um programa de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher e isso vai de um puxão de cabelo, até um feminicídio. Nós temos muitas mulheres vítimas em todas as situações que possamos imaginar. Sempre temos visitas de professores e mulheres ligadas diretamente ao poder judiciário que fazem palestras e tiram dúvidas sobre como se devem proceder caso aconteça algo com alguma das alunas ou pessoas próximas. A minha parceira e amiga Erica Paes está a frente desse programa e eu ajudo no desenvolvimento das atividades com estudos, aplicando técnicas e tirando dúvidas, conta Tico. Estudamos muito para evitar que mulheres morram e implantamos nelas força e autoconfiança além de técnica para evitar o risco. Muitas já deram resultados positivos” ressalta ele.
O Centro de Treinamento do Tico funciona nos seguintes horários:
- Projeto Social de Jiu Jitsu e Judô GRATUITO para crianças e jovens de 3 a 17 anos - segunda, terça e quinta de 18:30 às 19;30
- Aula de Defesa Pessoal - Sábados às 10hs.

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