A história do surgimento da Ilha Primeira na década de 40
- ilhas da Barra
- 25 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de ago. de 2019
Pesca de camarões, barcos à remo e nado na Lagoa, uma história interrompida pela falta de saneamento

Ilha Primeira
A Ilha Primeira na Barra da Tijuca surgiu na década de 40 com 10 posseiros que adquiriam terrenos de aproximadamente 1300 metros quadrados : "Minha família tem posse desde 1945. Todos os antigos posseiros eram da UFRJ, colegas do meu avô" conta Cyntia Memoria.
Depois de uma forte chuva na região do Itanhangá na década de 50, houve um grande acumulo de terra causando assoreamento na Lagoa da Tijuca, sendo necessário a realização de uma dragagem. Parte dos sedimentos removidos do fundo da Lagoa, aumentaram a Ilha Primeira.
A área pertence à União e nenhum morador possui RGI, mas apesar disso quase todos os moradores possuem escritura do imóvel feita em cartório, sendo que alguns pagam SPU e IPTU.
Nilson Simão, nascido na Ilha Primeira em 1964, conta que o pai descobriu a ilha na década de 50. “Tinham na época poucas famílias aqui e cada morador tinha seu barco à remo e todas as manhãs víamos a Lagoa cheia de barcos. Eram barcos individuais. Na década de 50, o primeiro comércio que surgiu era o bar da Dona Adversis, mãe de Rita e Sr. Ferreira”, recorda Simão.

Nilson Simão
Simão conta que o pai era pescador e pegava muito camarão e peixes na Lagoa. Assim sustentou todos os filhos. Além da pesca, o pai tinha criação de galinhas e de porcos. “Na época atravessávamos o canal da Ilha Primeira à nado para ir jogar futebol na Ilha do Meio. Infelizmente a Barra da Tijuca foi crescendo sem estrutura e fizeram condomínios que jogam esgoto na Lagoa até hoje, trazendo poluição e contaminando a água de nossa região”.
As pessoas começaram a descobrir a Ilha Primeira através dos restaurantes e bares que surgindo com o decorrer do tempo.
Sérgio Andrade, morador da Ilha Primeira desde 1998, conta que conheceu a área em 1965 quando trabalho no filme Tarzan e O Grande Rio: “Eu era aluno da Escola Superior de Desenho (ESDI) e fui recrutado para participar do filme como Production Design".

Sérgio Andrade
Sérgio conta também que nesta época a Gigóia era dividida em três pequenas ilhas com um canal no meio: a Ilha da Gigoga, Ilha dos Coronéis e a Ilha Guaimun que era separada por um canal, que hoje é a Rua dos Colibris. Tinha uma ponte de madeira com acesso para a Av. das Américas e com o tempo essa ponte foi demolida.
Sérgio recorda que na época, nem o Clube Marina existia. “O Sr. Irineu era o dono do lado leste da Ilha e criava jacaré. Eu comprei oito lotes e comecei a vender. ” lembra.
Hoje ainda temos vários pontos de assoreamento na Lagoa. A última dragagem feita foi em 2015 no Canal da Ilha Primeira que foi alargado para que a água não invadisse as casas.

Foto da Lagoa
Das Chalanas ao Barco Táxi
As ilhas não tinham acesso para a Avenida das Américas e para a Estrada da Barra da Tijuca, apenas através de barco. Os barcos eram à remo e depois surgiram as chalanas. Este serviço surgiu com os moradores Antônio, Zé Iris e Zé Grande e o transporte era somente diurno, depois de alguns anos, surgiu o transporte noturno com o Seu João. Eu e meu filho entramos para ajuda-lo, conta Nilson.
Em 2015, Nilson Simão começou o serviço de Barco Táxi (o Simão Express) que conta com seis barcos legalizados e 18 funcionários. As rotas dos barcos vão desde o Largo da Barra até o Barramares e funciona de 6 às 24 horas. Simão fornece ainda um cartão fidelidade com preço mais barato para que seus clientes fixos economizem no valor da passagem diária.
Por: Tatiana Cioni Couto, jornalista MTB 93281 e Adriana Mello
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