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Ponte Velha da Barra da Tijuca apresenta corrosão e fissuras

  • Foto do escritor: ilhas da Barra
    ilhas da Barra
  • 28 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

Engenheiras apontam que a estrutura pode ter uma recuperação



A Ponte Velha que liga a Barra da Tijuca à Barrinha, Itanhangá e Alto da Boa Vista está em estado deplorável. Nota-se ferrugem e partes das vigas muito desgastadas, sendo que uma delas possui uma fissura visível.


Fizemos a imagem através de vídeos e fotos que estarão disponíveis nesta reportagem. O barqueiro João Araújo ressalta que a demolição e a construção de uma ponte no lugar da Ponte Velha já estavam previstas no pacote das olimpíadas e que que os anos se passaram e agora o estado da ponte chama atenção. Entrevistamos as engenheiras Andrea Farias e Bianca Bastos sobre a situação da Ponte Velha.



As engenheiras Bianca Bastos e Andrea Farias


Na época das Olimpíadas havia a intenção de demolir essas duas pontes e construir uma nova. Acabou não saindo do papel.


1) Vendo as imagens, qual a sua opinião?


Andrea e Bianca - Pelas imagens podemos perceber nitidamente (nos pilares e vigas) que existe a corrosão das armaduras, segregação do concreto e algumas fissuras que contribuem significativamente para que as armaduras tenham a sua proteção física e química reduzida, além da nítida falta de manutenção pelos órgãos públicos.


2) Qual seria a outra opção? Recuperá-la? O que vc acha que deveria fazer neste caso?

Andrea e Bianca - Para entendermos a complexidade dessa situação é de fundamental importância o conhecimento da funcionalidade do comportamento estrutural das pontes. De um modo geral, a estrutura recebe as cargas permanentes (peso próprio da mesma) e as cargas acidentais ou móveis (por exemplo: carros, pedestres, etc.), as quais são direcionadas para as vigas, pilares e posteriormente para as fundações e solo. Quando um desses elementos possui a sua capacidade reduzida por conta de intempéries (ações do meio ambiente, no caso a maresia, que provoca a corrosão das armaduras) e falta de manutenção esses elementos podem levar a um colapso da estrutura. Devemos, também observar a durabilidade do concreto que além de estar relacionada com a qualidade, também está na capacidade de interagir com o meio ambiente exterior (intempéries).


Para que não chegassem a este nível de deterioração é necessário realizar inspeções de rotina periodicamente e, também inspeções detalhadas quando for identificada na inspeção de rotina alguma patologia, deterioração ou ação de cargas imprevistas com profissional especializado em patologia de concreto, além de ensaios com apoio de laboratório idôneo (há ensaios específicos que determinam o grau de agressividade e a concentração crítica de íons cloretos na estrutura de concreto). Quando existe a probabilidade de deterioração acelerada o controle deve ser aumentado com a diminuição dos períodos entre as inspeções.


Neste caso é necessário a recuperação da estrutura através de reparos e reforços localizados, o escoramento da estrutura é praticamente inevitável. Após a análise feita por profissional habilitado e ensaios de laboratório, se o dano for muito elevado é necessário a substituição, que consiste na demolição parcial ou total e posteriormente a execução do novo elemento ou de parte da estrutura do concreto, além de reforço nas armaduras.


Na recuperação podemos utilizar algumas técnicas como:

- remoção do concreto contaminado, limpeza do substrato e da armadura (aditivos inibidores de corrosão adicionados na argamassa ou no concreto), reconstituição das seções com argamassa de reparo ou microconcretos, etc, execução de cura adequada e aplicação de pintura protetora no substrato do concreto;

- Dependendo do nível de agressão da armadura deve-se proceder à reposição ou complemento da seção da armadura.


As estruturas que pertencem a instituições públicas possuem ausência de manutenção preventiva, falta de qualidade do concreto produzido em muitas obras, concreto segregado, cobrimento insuficiente das armaduras, além de alta permeabilidade. Todos estes fatores possibilitam a rápida degradação das estruturas, o que pode indicar uma séria deficiência nas fiscalizações as quais não deveriam aprovar as obras diante de deficiências tão evidentes, bem como a falta de estabelecimento de planos de manutenção periódica como forma de identificar, prevenir e possibilitar a reparação dos danos nas primeiras idades.


As intervenções nas estruturas devem ser realizadas imediatamente quando existe risco de acidentes ou o grau de deterioração toma-se insustentável e tem como consequência o aumento dos custos médios com o passar dos anos.

Apesar desse texto não ser um parecer técnico é possível observar as diversas patologias encontradas durante a visita. Logo, serve como alerta aos órgãos competentes e a fiscalização da população para que providências sejam tomadas.


Texto escrito por: Andrea Farias – Engenheira Civil – Crea 2018394541 - E-mail: andreas.farias@yahoo.com.br e Bianca Bastos – Engenheira Civil – Crea 2018379828 - E-mail: bastosbianca61@gmail.com


Vídeo feito por Tatiana Cioni Couto




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